Outro dia, enquanto organizava minhas necessaires, me peguei pensando em como é automático para mim, apesar de usar coletor menstrual já há alguns anos, ter sempre um absorvente por perto — como um amuleto de segurança. E aí me lembrei: nem todo mundo tem esse privilégio. A verdade é que enquanto algumas de nós estão escolhendo entre o noturno com abas ou o coletor sustentável, outras estão improvisando com miolo de pão, jornal ou pedaços de pano. Hoje, 28 de maio, é o Dia Internacional da Higiene Menstrual — e ele importa mais do que nunca.
Criada para quebrar tabus, educar e promover dignidade, a data joga luz sobre algo que deveria ser simples, mas ainda é tratado como segredo ou vergonha: menstruar.
🌸 Menstruar não é luxo
Segundo a ONU, 1 em cada 10 meninas no mundo perde aulas durante o período menstrual por não ter acesso a absorventes ou banheiros adequados. Isso tem nome: pobreza menstrual. E vai muito além do ciclo: atinge diretamente a educação, a saúde mental e o futuro de milhares de meninas e mulheres.
No Brasil, estima-se que mais de 4 milhões de meninas sofrem com a falta de acesso a produtos menstruais básicos. Isso impacta sua autoestima, sua rotina e até sua dignidade. Afinal, como prestar atenção na aula ou ir ao trabalho se você está tentando esconder um sangramento com papel higiênico?
🌸 O que a gente pode fazer?
A resposta é simples: informar, doar, apoiar e cobrar.
- Doe absorventes ou coletores menstruais para ONGs, escolas públicas ou pontos de apoio social da sua cidade.
- Converse sobre o tema, especialmente com quem ainda trata o assunto como “nojento” ou “de mulherzinha”.
- Pressione políticas públicas. Em 2021, foi aprovada a distribuição gratuita de absorventes no SUS para estudantes e pessoas em situação de vulnerabilidade. Mas ainda falta muito pra virar realidade em todo o país.
- Inclua menstruação nas rodas de conversa com naturalidade — afinal, metade da população do planeta sangra todo mês. Qual o mistério?
🌸 Higiene menstrual é saúde, mas também é liberdade.
Falar sobre isso é um ato político, é um gesto de empatia. Porque enquanto o sangue menstrual ainda for um motivo de vergonha, meninas continuarão faltando aula, se escondendo, e se sentindo menos por algo que é absolutamente natural.
Hoje, mais do que nunca, o recado é esse: não é só sobre absorventes, é sobre direitos. E dignidade, minha amiga, nunca deveria ser opcional.
