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Explorando as Dinâmicas de Poder em ‘Calibã e a Bruxa’ de Silvia Federici

“O Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva” é uma obra provocativa e esclarecedora escrita pela renomada historiadora feminista Silvia Federici. Publicado em 2004, o livro mergulha nas raízes do capitalismo, explorando as interseções entre a opressão de gênero, o controle do corpo feminino e a acumulação primitiva de capital.

Federici desafia a narrativa tradicional da transição para o capitalismo, enfatizando o papel crucial da subjugação das mulheres e da demonização das práticas femininas na formação do sistema econômico moderno. Ela argumenta que a caça às bruxas na Europa dos séculos XVI e XVII não foi apenas uma repressão aos “desvios” religiosos, mas também uma tentativa deliberada de desmantelar sistemas econômicos alternativos baseados na solidariedade comunitária e na autonomia das mulheres.

Uma das contribuições mais poderosas do livro é sua análise do corpo feminino como um local de luta política e econômica. Federici destaca como a medicalização da reprodução e a criminalização do controle contraceptivo foram instrumentos de controle social e acumulação de capital. Ela examina criticamente a exploração do trabalho reprodutivo das mulheres e sua exploração no sistema capitalista, apontando como o não reconhecimento e a desvalorização desse trabalho contribuem para a desigualdade de gênero e a perpetuação da pobreza.

Além disso, Federici destaca o papel do colonialismo na expansão do capitalismo, destacando como a subjugação das mulheres indígenas e negras foi fundamental para a acumulação de riqueza nas colônias. Ela mostra como a violência sexual e a escravização das mulheres foram estratégias de controle colonial que perpetuaram sistemas de exploração e opressão.

“O Calibã e a Bruxa” é uma leitura essencial para aqueles interessados ​​em entender as raízes históricas das desigualdades de gênero e econômicas. Federici desafia as narrativas dominantes e oferece uma perspectiva poderosa sobre a interseção entre gênero, classe e capitalismo, destacando a importância da resistência e da solidariedade na luta por um mundo mais justo e equitativo.

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