A maior religião que existe é a do dinheiro, o mundo gira ao seu redor. Assassinatos, crimes, a corrupção que transpõe a política. Sangue e suor escorrem dos mais pobres, enquanto uma pequena parcela mais rica da sociedade, busca o mais rentável e lucrativo. Essa mão invisível que todos controlam, ninguém escapa. A cultura do consumismo que influencia o acúmulo, o ter sempre mais do mesmo, sobrepondo ao ser. A estafa, o Burnout. Ter a melhor casa da vizinhança, o carro do ano, o celular de última geração, como caminhos para a falsa idealização da felicidade. O impulso de comprar como escape de um esvaziamento pessoal. A linha tênue entre o necessário e o supérfluo.
Nenhuma escolha é completamente livre e espontânea. Desde o que comer no café da manhã, até ideias e comportamentos. São todas influenciadas e manipuladas pela sociedade, conscientemente ou não. Implícitas em pequenas sutilezas do cotidiano. Essa falsa felicidade de papel se desmancha nos primeiros chuviscos de realidade, e o ciclo se repete. Em busca do mínimo necessário para sobreviver ou da manutenção dos excessos, pessoas são submetidas a ocupações análogas à escravidão. O esgotamento físico e mental é considerado banal, comum, o mal do século XXI. Enquanto uma parte se torna mais rica, a outra se torna mais pobre, doente e miserável.
“O último capitalista que penduramos será aquele que nos vendeu a corda.” Karl Marx
A educação, saúde, são consideradas gastos, que não fazem parte da planilha orçamentária. A cultura e o lazer são luxos, acessíveis para quem pode pagar. Direitos fundamentais são negligenciados. Direitos humanos são piadas contadas dentro dos gabinetes dos mais poderosos do governo . Parafraseando o “energúmeno” (como chamado pelo energúmeno Jair Bolsonaro) Paulo Freire, o sonho do oprimido é se tornar o opressor. O valor é dado através da conta bancária e status quo. Tentando encaixar-se em um padrão social, cria-se uma sociedade do espetáculo. Simulando estilos de vida nas redes sociais, para validação como ser humano, que precisa ter para ser. Nessa constância, nem mesmo os corpos são aceitos como são, a insatisfação é generalizada.
O passo inicial para quebrar essas correntes é enxergar-se no meio dessa engrenagem maliciosa, onde inclusive os pensamentos são manipuláveis. Compreender que a essência de cada um vai além dos rótulos que estão inseridos. O dinheiro é o caminho para muitos objetivos, mas não pode ser ele o objetivo. Ele é o meio e não o fim.