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Maternidade: Opção, Não Obrigação

Durante muito tempo, a vida da mulher vinha com um roteiro mais ou menos pronto: crescer, casar, ter filhos. Não necessariamente nessa ordem — mas com todos esses atos incluídos no script. A maternidade era o ápice esperado, como se fôssemos programadas para esse momento. Como se todas quisessemos esse papel.

Mas — e se eu não quiser ser mãe?

Essa pergunta ainda escandaliza algumas pessoas. Incomoda parentes em almoços de domingo, provoca comentários atravessados de colegas de trabalho e ativa um radar social que parece sempre querer “corrigir” essa decisão. Mas a verdade é que não querer ser mãe não é ausência de amor, nem falha no sistema. É uma escolha. É uma escolha tão legítima quanto a de quem sonha com o próprio bebê nos braços.

A maternidade é linda, sim. Mas também é desafiadora, exaustiva, cara e transformadora. Requer tempo, saúde mental, apoio emocional, estabilidade financeira e, acima de tudo, vontade. Não basta ter um útero funcional — é preciso ter estrutura, rede, desejo real de maternar. E, sejamos sinceras: quantas mulheres você conhece que contam com um companheiro verdadeiramente parceiro? Que divide a carga de forma justa, que sabe o que é abrir mão do próprio tempo em nome do outro?

A conta, quase sempre, não fecha. E enquanto a sociedade romantiza a maternidade como se fosse destino natural, muitas seguem tentando negociar com a própria culpa, com os olhares enviesados, com a sensação de estar “deixando algo passar”. Mas não estar disposta a ser mãe é estar disposta a cuidar de si. A priorizar outros projetos de vida. A se reconhecer em outros papeis.

Ser mulher não é sinônimo de ser mãe. E mais do que nunca, é hora de normalizar essa escolha. De parar de perguntar “quando vem o bebê?” e começar a perguntar “o que você quer?”. Porque a maternidade é sobre disponibilidade e desejo — e não sobre atender às expectativas dos outros. Não querer ser mãe não é egoísmo. É liberdade. E liberdade, sim, deveria ser um direito inegociável.

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