Latte & Read #14 | Setembro 2025
Um clássico da literatura brasileira, notável por sua inovação narrativa e ironia. Machado de Assis constrói a obra a partir da perspectiva de Brás Cubas, um narrador já falecido, que decide contar sua vida sem filtros ou censuras. Esse recurso permite que o autor brinque com o leitor de forma única: o narrador comenta o que vai escrever, interrompe a narrativa para digressões filosóficas e dirige-se diretamente a quem lê, criando uma sensação de proximidade e cumplicidade que é, sem dúvida, uma das partes mais envolventes do livro.
A obra é também uma crítica ácida à elite do Rio de Janeiro do século XIX, expondo vaidades, hipocrisias e futilidades da sociedade. As reflexões de Brás Cubas sobre a vida, a morte e o legado que deixamos são profundas, carregadas de ironia e humor negro, tornando o livro uma leitura estimulante do ponto de vista intelectual e social.
No entanto, apesar de reconhecer a importância dessa crítica, a história em si não me conquistou por completo. O ritmo fragmentado e os saltos temporais às vezes tornam a leitura desconectada, e o envolvimento com a vida de Brás Cubas e seu cotidiano não gerou em mim aquela empatia ou emoção que muitas histórias provocam.
Em resumo, Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra brilhante na forma como inova a narrativa e satiriza a sociedade, mas, para mim, permanece uma leitura mais intelectual e reflexiva do que emocionalmente envolvente. O diálogo do narrador com o leitor e sua liberdade de comentar a própria escrita são, sem dúvida, os elementos que mais encantam e tornam o livro memorável.
⭐⭐⭐

