Se estivesse vivo, Yves Saint Laurent completaria mais um ano de vida nesta sexta-feira, 1º de agosto. E embora ele tenha nos deixado em 2008, seu legado permanece estampado nos guarda-roupas, nas passarelas e nas atitudes. Visionário, tímido, elegante, e com um quê de drama cinematográfico, Saint Laurent não foi apenas um estilista; foi um libertador de silhuetas, um rebelde da alta-costura e um poeta do preto.
Nascido em Orã, na Argélia, em 1936, Yves Henri Donat Mathieu-Saint-Laurent trocou o sol africano pela efervescência de Paris aos 17 anos, e logo se tornaria assistente de Christian Dior. Quando Dior morreu subitamente, em 1957, o então jovem de 21 anos foi nomeado diretor criativo da grife, e já chegou causando. Seu primeiro desfile salvou a maison da falência e o transformou no novo “enfant terrible” da moda francesa. Mas foi ao fundar sua própria marca, em 1961, ao lado do companheiro Pierre Bergé, que ele realmente acendeu o pavio da revolução.

YSL entendia o feminino como potência. Enquanto a maioria ainda via a mulher como musa decorativa, ele a vestiu como protagonista. Seu célebre “Le Smoking”, criado em 1966, o primeiro smoking feminino da história, foi uma ruptura: ousado, minimalista, sensual e com um quê andrógino que fez Paris suspirar, e algumas socialites serem barradas em restaurantes.
“Para uma mulher, o smoking é uma peça indispensável com a qual ela se sentirá sempre na moda”, disse ele certa vez. E estava certo: de Bianca Jagger a Catherine Deneuve, todas queriam (e ainda querem) esse símbolo de poder sussurrado.

Saint Laurent não tinha medo de misturar arte com costura. Ele transformou Mondrian em vestido, levou a pop art para a passarela, exaltou culturas africanas e espanholas muito antes da moda falar em “diversidade”. Ele também foi pioneiro ao usar modelos negras em seus desfiles com frequência, como Mounia e Katoucha, rompendo o padrão eurocêntrico dominante nos anos 60 e 70. Se a moda, para muitos, era vaidade, para ele era discurso. Ele fazia roupas com alma e com política.

Como toda estrela muito intensa, Yves Saint Laurent também ardia por dentro. Lutou contra depressões profundas, crises de ansiedade e o vício em drogas. Mas mesmo fragilizado, nunca deixou de criar beleza. Sua vida foi marcada por extremos: a glória e o colapso, o glamour e a dor.
Em 2002, aposentou-se oficialmente. Se despediu da moda com um discurso emocionado, deixando claro que seu coração sempre pertenceu ao ateliê, aos tecidos, aos cortes impecáveis. Faleceu em 2008, aos 71 anos. Mas, como ele mesmo disse certa vez:
“As modas passam, o estilo é eterno.”
E eternamente ele será.
