Latte & Read #18 | Novembro 2025
(⚠️Contém Spoiler)
Publicado em 1848, Noites Brancas é uma das obras mais sensíveis e acessíveis de Fiódor Dostoiévski, uma rara combinação entre lirismo, solidão e o descompasso entre o sonho e a realidade. Diferente dos longos romances densos do autor, este pequeno livro é quase uma respiração poética dentro da literatura russa.
A narrativa acompanha um jovem sonhador solitário que vaga pelas ruas de São Petersburgo. Quando conhece Nástienka, uma jovem de aparência doce e história triste, por quem se apaixona perdidamente em poucos dias.
Dostoiévski constrói a trama com leveza e ritmo envolvente: somos carregados pelas confissões, pelas caminhadas, pelos devaneios e pelo amor idealizado do protagonista. A leitura é fácil, fluida, e desperta uma curiosidade constante sobre o que virá a seguir. É aquele tipo de livro que você começa “só para ler um pouco” e, quando percebe, já quer saber como termina.
E o fim vem com um golpe delicado, mas certeiro. O desfecho foge completamente do que o leitor espera, frustrando o sonho romântico do narrador e deixando um gosto agridoce de realidade. Dostoiévski lembra, com maestria, que o amor nem sempre se cumpre; às vezes, ele existe apenas para que possamos conhecer a nós mesmos.
Agora, sejamos honestos: por mais bela que seja a trama, Nástienka é uma personagem que desperta sentimentos mistos. Encanta, emociona e trai. Terminamos o livro dividido entre a empatia e a vontade de chamá-la de filha da p*
No fim das contas, Noites Brancas é simples, leve e profundo. Um conto sobre o amor ideal e sua inevitável colisão com o real. É Dostoiévski mostrando que o drama não precisa de mil páginas para ser inesquecível.
⭐⭐⭐⭐

