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It Girls + Cool Girls Book Club: A Redoma de Vidro de Sylvia Plath

Um retrato cru da fragilidade que a gente tenta esconder atrás de sorrisos automáticos e respostas ensaiadas. É como abrir um diário antigo e encontrar entre as páginas não só as palavras de Sylvia Plath, mas também um pouco de nós mesmas, com todas as dores abafadas, as crises silenciosas e a vontade de simplesmente desaparecer por uns dias.

A narrativa acompanha Esther Greenwood, mas poderia ser qualquer uma de nós, em qualquer fase da vida em que o brilho das coisas simplesmente não faz mais sentido. É sobre aquele cansaço que não passa, sobre a sensação de estar fora do próprio corpo, como se o mundo continuasse girando lá fora enquanto a gente segue presa, sufocada, debaixo de uma redoma invisível.

Sylvia escreve com uma delicadeza brutal, com a precisão de quem conhece cada canto escuro da mente. Ela entrega palavras que cortam como lâmina, mas também acolhem como abraço. Não há romantização. Há realidade. E ela pesa.

O livro mergulha fundo nas questões de saúde mental, depressão, expectativas sociais e o fardo de ser mulher em uma sociedade que exige tudo e oferece pouco em troca. Esther é inteligente, talentosa, mas nada disso a protege da sensação de inadequação, do vazio, do colapso iminente.

Ler A Redoma de Vidro é encarar o próprio espelho sem filtros, sem desculpas. É um convite à empatia, à escuta e, principalmente, ao reconhecimento de que está tudo bem não estar bem o tempo todo.

É um livro que marca. Que dói. Que fica.

E eu, que também já me vi dentro da minha própria redoma, só posso dizer: leia. Respire fundo. E lembre-se: você não está sozinha.

Sugestão para ouvir enquanto lê: Motion Sickness – Phoebe Bridgers

⭐⭐⭐⭐⭐

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