Durante séculos, os corpos das mulheres foram vistos como propriedade coletiva: do Estado, da Igreja, dos maridos e dos médicos. O controle sobre a fertilidade, ou melhor, a falta dele, sempre foi uma das formas mais eficazes de aprisionar, calar e limitar mulheres. Afinal, como sonhar com liberdade se o seu corpo está à mercê de ciclos, medos, gestações não planejadas e julgamentos sociais?
Foi só com o avanço dos métodos contraceptivos que começamos, de fato, a escrever uma nova história. Uma história onde o desejo, o planejamento, o prazer e a autonomia deixaram de ser privilégios masculinos e passaram, aos poucos, a ocupar o centro da vida das mulheres também. Ter acesso à informação e à contracepção é uma forma concreta de liberdade. E é por isso que falar sobre isso é também falar sobre feminismo, saúde e justiça social.
A seguir, vamos explorar os principais métodos contraceptivos, seus benefícios, desvantagens e impactos, lembrando sempre: ninguém é obrigada a usar nenhum, mas toda mulher merece saber que pode escolher.
Pílula anticoncepcional
Um dos métodos mais populares do mundo, a pílula revolucionou a vida de milhões de mulheres desde os anos 60. A pílula empoderou gerações, mas também expôs mulheres à responsabilidade solitária da contracepção. Carregar sozinha essa carga hormonal e emocional ainda é uma desigualdade gritante.
Benefícios:
- Regula o ciclo menstrual;
- Reduz cólicas e fluxo;
- Diminui acne e ovários policísticos;
- Oferece alta eficácia (desde que tomada corretamente).
Malefícios:
- Pode causar náuseas, dores de cabeça, mudanças de humor, queda de libido;
- Aumenta riscos de trombose e pressão alta;
- Requer disciplina diária, atrasos comprometem a eficácia;
- Não protege contra ISTs.
DIU (Dispositivo Intrauterino)
Existem duas versões principais do Dispositivo Intrauterino: o de cobre (não hormonal) e o hormonal, como o Mirena, por exemplo. Ambos exigem avaliação ginecológica. São métodos de longo prazo, eficazes e que muitas vezes libertam da rotina da pílula. O meu mesmo é o DIU de cobre é para mim foi e tem sido uma excelente escolha.
DIU de cobre
Benefícios:
- Dura até 10 anos;
- Não interfere nos hormônios;
- É altamente eficaz.
Malefícios:
- Pode aumentar o fluxo e as cólicas no início;
- Algumas mulheres relatam desconforto e rejeição;
- Exige inserção médica, que pode ser dolorosa.
DIU hormonal
Benefícios:
- Dura de 3 a 8 anos, dependendo do modelo;
- Reduz ou interrompe o fluxo menstrual;
- Alivia sintomas de endometriose.
Malefícios:
- Pode causar efeitos hormonais como acne, inchaço e alterações de humor;
- Não é indicado para quem tem contraindicações ao uso de hormônios.
Camisinha masculina e feminina
Camisinha masculina: barata, acessível, previne gravidez e ISTs. Camisinha feminina: menos conhecida, mas também eficaz.
Benefícios:
- Únicos métodos que protegem contra ISTs;
- Sem hormônios;
- Usados sob demanda (não requerem controle diário).
Malefícios: Não tem a não ser pelo estigma que as femininas carregam e no caso das masculinas, muitas vezes rejeitada por homens, e adivinha quem paga o preço?
Implante subdérmico
Um bastonete fino inserido sob a pele do braço, que libera hormônio continuamente. Assim como o DIU, é um dos métodos mais eficazes e discretos, ideal para quem busca praticidade e não quer se preocupar com esquemas diários.
Benefícios:
- Dura até 3 anos;
- Alta eficácia (99%);
- Prático: esquece pílulas e alarmes.
Malefícios:
- Pode causar sangramentos irregulares;
- Efeitos colaterais hormonais;
- Precisa de inserção e retirada por profissional de saúde.
Outros métodos
- Injeção anticoncepcional (mensal ou trimestral): eficaz, mas com os mesmos riscos hormonais da pílula.
- Anel vaginal e adesivo hormonal: mais modernos, menos lembrados, mas com boas taxas de eficácia.
- Tabelinha e coito interrompido: métodos naturais, mas com eficácia MUITO baixa. Definitivamente não é indicado.
- Laqueadura: método permanente. Requer avaliação médica e, infelizmente, ainda é dificultado pelo Estado.
E o mais importante: a escolha deve ser sua. Sempre.
Nenhum método é perfeito. Todos têm impactos físicos, emocionais e sociais. O que funciona para uma mulher pode não servir para outra. Mas saber, entender e escolher é um direito que ninguém pode tirar de você.
Contracepção é sobre liberdade, não obrigação. É sobre poder sonhar, amar, transar, viajar, estudar, mudar de ideia, com segurança e autonomia. É sobre dizer: meu corpo, minhas regras. E que nunca mais deixem de ser.