O livro é um mergulho visceral no cansaço que muitas de nós carregamos — não só no corpo, mas na alma, na rotina, na identidade. É como olhar no espelho de madrugada, quando a cidade dorme e a nossa mente insiste em não descansar.
Marcela escreve como quem respira fundo antes de gritar, como quem desenha com palavras o peso invisível que a exaustão impõe à mulher moderna. Ela fala sobre a pressão de ser tudo para todos, da culpa que se esconde atrás de cada suspiro cansado, do silêncio que ecoa quando se tenta pedir ajuda e ninguém escuta. Sua escrita é urgente, necessária, um chamado para despertar — para a revolta, para o cuidado, para a liberdade.
O livro não segue a linha reta de uma narrativa tradicional. É um relato íntimo, que mistura reflexão, confissão e afeto, como uma conversa feita com uma amiga que sabe exatamente o que você sente porque já esteve no mesmo lugar. É sobre os dias cinzentos que viram rotina, sobre a sensação de carregar o mundo nas costas mesmo quando o corpo implora por pausa.
Aurora passeia por temas como feminilidade, saúde mental, autocobrança e a busca por um sentido que não se esgote em tarefas intermináveis. Mas, mais que isso, é um convite para que cada mulher reconquiste seu próprio brilho, mesmo que esse processo seja lento, doloroso e cheio de tropeços. É um grito silencioso por cuidado e atenção, um lembrete de que exausta não é sinônimo de fraca, mas de guerreira que insiste em existir apesar de tudo.
Marcela Ceribelli nos entrega um espelho de resistência, de amor próprio e, sobretudo, de esperança. Um convite para que cada mulher possa despertar — não para mais obrigações, mas para si mesma.
E eu, que já carreguei esse peso e ainda carrego, só posso dizer: leia. Deixe-se tocar. Permita-se renascer.
Sugestão para ouvir enquanto lê: Flawless – Beyoncé
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